quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

“A imagem é a nossa segunda pele”




Elas são três jovens giras e cheias de estilo. Conheceram-se numa pós-graduação em Consultoria de Moda e Imagem, no Instituto Português de Administração e Marketing, e desde então tornaram-se inseparáveis. Juntas formam o blogue Second Skin – a rampa de lançamento para criarem a sua própria empresa de consultoria, na área da moda e beleza. Afinal, já dizia Yves Saint Laurent, “a moda passa, mas o estilo é eterno”. E isso é coisa que não lhes falta.

Os blogues de moda invadem-nos a internet. São milhares as jovens que se julgam verdadeiras fashion advisors e que dão conselhos e exemplos de looks que não se adequam a qualquer pessoa. Por isso mesmo, há que separar o trigo do joio. A Vânia Reis, a Vânia Monteiro Dias e a Magalie Sobral são três mulheres muito diferentes entre si, mas com uma mesma paixão: a moda. O acaso juntou-as num projecto em comum, o blogue Second Skin, onde espelham os seus gostos pessoais, cimentados por formação na área, o que lhes confere o tom de credibilidade que falta a muito boa gente. Disse-me a Vânia Reis que estavam “um pouco insatisfeitas com o rumo profissional” e, por isso, “surgiu a ideia de nos virarmos para a consultoria de imagem. Aí pensamos que a melhor forma de começar a dar os primeiros passos, seria criar um blogue de imagem, de moda, de beleza.” E pensaram muito bem! Esta aventura começou há pouco mais de um ano e meio e já conta com quase 80 mil visitantes e mais de 2500 fãs no Facebook.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Ulisses do mercado editorial




Tinha 18 anos quando escreveu o seu primeiro livro, "O Grito de Quem Chora Lágrimas Azuis". A dificuldade em arranjar quem apostasse no projecto, levou a que João Batista fundasse a sua própria editora, a Livros de Ontem, em regime de crowdfunding, que também disponibiliza livros académicos em segunda mão.

Tem apenas 21 anos, mas uma bagagem de quem já enfrentou ondas gigantes, como aquelas de que se fala na Nazaré. João Batista licenciou-se em Ciência Política e Relações Internacionais e especializou-se em Gestão de Marketing, Comunicação e Multimédia. Contudo, o verdadeiro amor deste jovem empreendedor apaixonado “pela História e pelos grandes clássicos da literatura” é a escrita. O início da sua aventura no mundo dos livros “foi pura inspiração que me saiu às golfadas através da caneta. Lembro-me que um dos textos integrantes do livro foi escrito num lenço de papel após ter terminado mais cedo um exame.” Como resultado final nasceu “O Grito de Quem Chora Lágrimas Azuis”, onde se fala sobre arte e literatura e os comportamentos massificados de acordo com as modas do momento.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Se tu não podes, o Filipe vai




Estava desempregado há cerca de um ano quando, por brincadeira, foi desafiado por alguns amigos a criar o seu próprio negócio. Já que Filipe Gomes fazia alguns recados, pois tinha bastante tempo livre, então por que não alargar o leque de destinatários e tarefas? E assim nasceu o conceito “Deixa que eu vou” – para resolver as coisas que não pode ou não quer fazer.

Há várias palavras para descrever a actual ocupação profissional de Filipe Gomes: assistente pessoal, mordomo, facilitador. Mas nenhuma o caracteriza tão bem como “desenrascador” – pois é exactamente isso que ele pretende fazer: desenrascar as pessoas naquelas tarefas ou recados para os quais não existe tempo ou pachorra. Ele vai às compras por nós. Ele trata da lista de presentes de Natal. Ele arranja-nos um jardineiro, um carpinteiro, um electricista para os problemas lá de casa. E quando os serviços de apoio ao cliente agendam a reparação da máquina de lavar, por exemplo, entre as 14h e as 18h e aparecerem em casa às 17:58? Já não precisa de faltar ao trabalho e dar o dia como perdido – o Filipe trata disso, qual Cristiano Ronaldo da resolução dos problemas do quotidiano.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A engenharia da boa música




Imaginem um polvo. Agora imaginem que o polvo toca um instrumento em cada um dos seus oito braços. Agora esqueçam essa imagem, porque nem os oito braços do polvo seriam suficientes para tocar os 14 instrumentos presentes em cada concerto de Noiserv – o alter-ego de David Santos, a quem chamam “o homem-orquestra”.

Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, porque “era muito bom a Matemática e a Física, no liceu”. Trabalhou durante dois anos na Siemens e quando lhe propuseram entrar para os quadros da empresa pediu a demissão. Desde 2005 que se dedica, para nossa sorte, em exclusivo à música, nomeadamente ao projecto indie Noiserv. Hoje, a realidade não é a que imaginava enquanto criança, apesar de haver pequenos indícios das ruas por onde a sua vida teria obrigatoriamente que passar. “Queria ser bombeiro, depois queria ser veterinário, queria ser uma série de coisas. Mas os meus pais dizem-me que eu lhes pedia para gravar os videoclipes de música e eu ficava horas e horas a ver as cassetes.” Afinal, as coisas boas devem ser partilhadas e o talento deste lisboeta de 31 anos é grande demais para ficar confinado a um gabinete. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Uma coragem que não conhece fronteiras



Mónica Pacheco @ Guiné

Tudo começou com uma epifania aos 16 anos, quando percebeu que a vida só faz sentido“na relação e entrega aos outros”. Desde então, Mónica Pacheco não tem parado. A sua missão de voluntariado passou por Angola e Moçambique e hoje está a trabalhar na Guiné-Bissau, como Técnica Formadora em Gestão e Administração Escolar. Viver para e pelos outros só faz sentido quando o coração é tão grande que quase não nos cabe dentro do peito.

Enquanto Portugal vibrava com a realização do Europeu de Futebol em 2004, Mónica Pacheco partia para a primeira aventura internacional, em Luanda, através do grupo GAS’África, naquela que seria uma viagem para nunca mais voltar. Regressou, fisicamente, mas a essência e a paixão desta gaiense ficaram em África, para onde voltou ano após ano, dando sempre um pouco mais de si àqueles que pouco ou nada têm. A missão em Luanda foi como um despertador numa alma que transborda sorrisos, emoção e bondade. Se antes Momi, como é carinhosamente chamada, quase desmaiava com uma simples ferida, naquela altura aprendeu a ultrapassar os medos, pois viu “as piores coisas do mundo”, mas não continha as lágrimas nos momentos de confrontação com a realidade em que estava. De manhã trabalhava no Hospital Central de Luanda, à tarde num centro de acolhimento de crianças, onde conheceu “meninos sobreviventes e lutadores, rendidos à surpresa de serem amados.” E “era feliz naquela entrega, em tudo que fazia e aprendia naqueles dois meses de missão; vinha sempre com o meu mundo maior, com o coração mais dorido, os olhos molhados, mas um contentamento que as palavras ainda não conheciam - e não conhecem.” Confessa que “nunca mais amei nem me entreguei de forma tão autêntica, tão genuína, tão inteira como na minha primeira missão em Luanda. Tinha 20 anos, saída de uma família que me protegia e mimava, consciente dos problemas do mundo, mas longe de os viver e experimentar.” E não foi fácil convencer a família protectora de que a vocação e o chamamento tinham que ser respeitados, mas o receio de que Mónica nunca mais fosse feliz trouxe o apoio que tanto precisava, principalmente quando voltava das missões. Trocou a licenciatura em Sociologia por Serviço Social, “uma aprendizagem muito mais significativa, construtiva” pois o seu objectivo “era trabalhar com as pessoas”. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Há lugares que nos recebem de braços abertos


Diana Vaz Ribeiro - fundadora da Marabô

Alguns locais têm vida própria, como se lhe sentíssemos o pulso e o bater do coração. A Marabô – Formações & Eventos Culturais é um desses espaços e foi criado por Diana Vaz Ribeiro. Aqui reúnem-se diversas e complementares actividades - tudo para que possamos reencontrar o nosso “eu” perdido.

O ser humano é insatisfeito por natureza. Queremos mais, melhor e, de preferência, já! E com isso acumulamos tarefas, responsabilidades, prazos, aos quais até podemos dar resposta, mas que vão deixando as suas marcas, nesta busca incansável pela perfeição do imperfeito. Quando damos por nós, não nos lembramos onde deixamos a chave do carro, o dia é um drama se o telemóvel ficou em casa e haverá problema na certa se alguém se esquece do aniversário de casamento. Diana Vaz Ribeiro, licenciada em Psicologia, desde cedo percebeu que esta área “pode não ser a única solução. E a arte, a expressão dramática, a meditação ajudam” para os problemas do quotidiano. Por isso, criou a Marabô, onde encontramos várias ofertas de formação, eventos, consultas e dinâmicas na área da Psicologia e actividades lúdicas. Assim, em Agosto de 2012 começou a ser projectado aquele que se revelou como um dos grandes desafios desta portuense de sorriso rasgado: “desde que saí da faculdade que queria abrir o meu espaço, mas tinha medo do futuro. Depois de passar por determinadas experiências, percebi que o medo do futuro é exactamente igual, quer esteja empregada ou por conta própria.” O local escolhido não poderia ser melhor: um edifício antigo, cheio de história nas paredes, nos degraus, em plena cidade no Porto, junto ao Pavilhão Rosa Mota.
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O dom de comunicar através das imagens



Eloquência dos Olhos - Enough is Enough (No More Tears)

Nunca foi tão fácil e acessível preservar momentos para a posteridade. A era digital trouxe a massificação das máquinas fotográficas e criou a ideia de que cada um de nós é um pequeno especialista na matéria. Mas Igor Martins não vai em ideias nem em palavras: “sou mais de imagem do que palavras. As palavras às vezes começam a faltar”, por isso, é através das representações da realidade que ele comunica. Este jovem e tímido estudante de fotografia viu um trabalho de curso, “Eloquência dos Olhos”, ser referenciado num prestigiado órgão de comunicação nacional e tem dado nas vistas pela humanidade e sentimento com que fotografa.

Não passa um dia sem que vejamos alguém de câmara em riste, seja por motivos profissionais ou por lazer. Na verdade, a fotografia, “técnica de criação de imagens por exposição luminosa”, preenche-nos os dias, mas nem todos têm aquela capacidade de transformar uma imagem num momento, numa memória, como o Igor tem. Neste trabalho mais conhecido, a “Eloquência dos Olhos”, realizado no âmbito do projecto final do primeiro ano do curso de Fotografia, do Instituto Português de Fotografia, este portuense abandonou a sua zona de conforto, porque "o retrato nunca foi a minha praia. Então pensei: ou vou ser o que fui sempre durante o curso - que era mais virado para os pormenores dos objectos corriqueiros, ou vou fazer diferente. Então, decidi arriscar no retrato e a preto e branco. Pensei que deveria perder o medo à abordagem na rua." A namorada auxiliou-o neste processo de convidar desconhecidos para serem fotografados, permitindo ao Igor focar-se no que sabe fazer de melhor: a captura da essência de um rosto humano. "O facto de teres várias pessoas iguais, no mesmo enquadramento, faz com que olhes sempre para a pessoa de forma comparativa, como se fosse uma caderneta de cromos. Ao comparar, reparas que os olhos são quase todos idênticos, mas as feições mudam. Mas na rua não olhas para estes traços. Se estiveres atento é que vês que há olhares mais tristes ou mais contentes. E eu queria destacar as marcas das pessoas, as cicatrizes das pessoas, que se vê, principalmente, nas mais velhas."

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

“Cancro com Humor” – uma fórmula de sucesso



Marine Antunes - palestra na Marabô (Outubro 2013)


Nasceu em França, a 13 de Fevereiro de 1990 e vive em Ourém. Licenciou-se em Comunicação Social e parece uma jovem como tantas outras, mas Marine Antunes é uma verdadeira força da natureza. Com 13 anos enfrentou uma das maiores adversidades da vida: o cancro – esse bicho feio que a mudou e fez dela uma pessoa mais consciente e responsável, mas que não lhe tirou a alegria de viver e o humor que tão bem a caracteriza.

Juntar as palavras “cancro” e “humor” na mesma frase parecia-me uma tarefa impossível, até que conheci a Marine e o seu trabalho, visível no blog “Cancro com Humor” e na associação sem fins lucrativos com o mesmo nome. Fiquei absorvida pela forma como ela trata a doença, quase como se lida com um daqueles vizinhos de quem não gostamos, mas que cumprimentamos todos os dias por respeito. Por isso, quando a convidei para o “Na história da gente”, avisei-a que teria que ser ela a colocar-me travões, mas a Marine não o fez. Respondeu a tudo sem tabus, sem rodeios e mostrou um lado diferente do que mostra no seu blog: mais sensível, cautelosa e com medo também. Garante que fala com o cancro todos os dias, mas sempre de forma “muito tranquila, muito positiva”, porque “se não fosse esta patada eu não teria aprendido muitas coisas.”

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Quando a música portuguesa faz sentido




Miguel Lestre é natural de S. João da Madeira, tem 26 anos e é um jovem de muitos talentos: ele canta, toca baixo e guitarra e escreve, como poucos conseguem fazer. Faz parte dos Prana e d’Os Ursos, uma banda de covers. Não gosta de ser o centro das atenções, pois acha “que uma banda deve ser banda, e a partir do momento em que nos assumimos como uma entidade composta por várias pessoas é como se te apresentassem alguém e só te apresentassem uma perna. Sinto-me como se estivessem a deixar de parte a bateria, a guitarra…”

Conheci o Miguel por acaso, na despedida de solteira de uma amiga, na qual ele nos presenteou com duas canções e abrilhantou a noite. Daí a familiarizar-me com o trabalho dos Prana foi um instante e a surpresa mais que agradável: gente nova a dar sentido à música portuguesa. Há quem os compare com os Ornatos Violeta, uma das bandas de referência de Miguel: “Não há como negar as evidências. Não posso negar que cresci a ouvir e a adorar aquilo. E foi um dos motivos principais para começar a escrever em português - achava aquilo lindo e pensei como é que ninguém se digna ao desafio de escrever em português?” E Miguel cumpre bem esse desafio, sendo ele o autor das letras deste grupo cujo nome significa “energia vital.”

O seu percurso na música “aconteceu de forma natural: passei pelo corredor, vi as guitarras e pensei por que não? Partiu de mim.” As guitarras de que fala pertenciam ao pai, que em tempos também fez parte de uma banda de rock, e que foi quem o educou musicalmente. Cresceu a ouvir “Doors, Pink Floyd – aquele que eu considero ser o género certo de música.” A escrita, por sua vez, surgiu mais tarde, e, primeiramente, em inglês, “quando formei a minha primeira banda, os The Root of Sound”. Com este projecto, Miguel perdeu o medo do palco e ganhou experiência para o grande desafio da sua vida: os Prana, cujo início foi há oito anos, na sequência de encontros de amigos, nas noites quentes de Verão, num jardim em S. João da Madeira - o mesmo jardim onde nos encontramos para a entrevista. Miguel e João Ferreira (guitarrista) juntaram-se a Diogo Leite (baterista) e a André Oliveira, que entretanto deixou a banda. Hoje, nas teclas do grupo está Miguel Ferreira, que também colabora com os Clã.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

“Pela música vou até ao fim do mundo”

© Sara Santos Silva


Considera-se um clichê pela forma como entrou na música: enquanto criança, e durante os almoços de família, subia para cima da mesa e dançava, até que descobriu as panelas e os testos de cozinha e começou a montar kits de bateria. Mal sabia que aqui estava o seu futuro. Hoje colabora com várias bandas do panorama musical português, como os X-Wife, We Trust, Best Youth, entre outros. Esta é a história de Nuno Sarafa, um autodidacta que trata a bateria por tu.


Cresceu como tantos outros miúdos dos subúrbios, a jogar futebol e a brincar ao pião. Mas a música já lhe estava nas veias. Nuno Sarafa não canta, mas toca, muito e bem. E tudo aconteceu por acaso aos 13 anos: “um dos meus melhores amigos tinha uma banda e eu costumava ir aos ensaios deles, que era, religiosamente, o sábado inteiro. Quando eles faziam pausas nos ensaios, ao invés de ficar na galhofa com eles, eu virava-me para o baterista e perguntava se me podia sentar. E ele dizia-me que eu não sabia tocar. E era verdade, mas queria apenas sentar-me na bateria.” Ganhou-lhe o gosto de tal forma que aos 17 anos formou uma banda com uns amigos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Bem-vindos ao "Na história da gente"


Aqui vai falar-se de gente.
De gente com histórias para contar.
De gente que tem um talento natural, que nos faz sorrir e esquecer a rotina.
De gente que deu a volta por cima, em momentos menos positivos.
De gente que ultrapassa as vicissitudes da vida com humor, coragem e garra.
De gente inovadora e capaz.

Aqui vai falar-se de gente que vale a pena e que nos faz acreditar num mundo melhor.

Sejam bem-vindos ao "Na história da gente"!