quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Há lugares que nos recebem de braços abertos


Diana Vaz Ribeiro - fundadora da Marabô

Alguns locais têm vida própria, como se lhe sentíssemos o pulso e o bater do coração. A Marabô – Formações & Eventos Culturais é um desses espaços e foi criado por Diana Vaz Ribeiro. Aqui reúnem-se diversas e complementares actividades - tudo para que possamos reencontrar o nosso “eu” perdido.

O ser humano é insatisfeito por natureza. Queremos mais, melhor e, de preferência, já! E com isso acumulamos tarefas, responsabilidades, prazos, aos quais até podemos dar resposta, mas que vão deixando as suas marcas, nesta busca incansável pela perfeição do imperfeito. Quando damos por nós, não nos lembramos onde deixamos a chave do carro, o dia é um drama se o telemóvel ficou em casa e haverá problema na certa se alguém se esquece do aniversário de casamento. Diana Vaz Ribeiro, licenciada em Psicologia, desde cedo percebeu que esta área “pode não ser a única solução. E a arte, a expressão dramática, a meditação ajudam” para os problemas do quotidiano. Por isso, criou a Marabô, onde encontramos várias ofertas de formação, eventos, consultas e dinâmicas na área da Psicologia e actividades lúdicas. Assim, em Agosto de 2012 começou a ser projectado aquele que se revelou como um dos grandes desafios desta portuense de sorriso rasgado: “desde que saí da faculdade que queria abrir o meu espaço, mas tinha medo do futuro. Depois de passar por determinadas experiências, percebi que o medo do futuro é exactamente igual, quer esteja empregada ou por conta própria.” O local escolhido não poderia ser melhor: um edifício antigo, cheio de história nas paredes, nos degraus, em plena cidade no Porto, junto ao Pavilhão Rosa Mota.
 
Formação na Marabô
 
A funcionar a todo o gás desde Setembro de 2013, trabalham neste momento na Marabô sete pessoas, um número que reflecte o crescimento gradual das actividades. “A ideia da Marabô é a pessoa sentir-se bem nas vertentes que ela pretender” – afirma Diana, referindo-se à convivência saudável, e necessária, digo eu, da meditação, com o yoga, dança oriental, expressão dramática para crianças e adultos e passeios pela cidade. O feedback do público tem sido positivo: “tenho reacções muito boas. Tenho tido aqui pessoas fantásticas. Quer as pessoas que trabalham comigo, porque sozinha eu não fazia nada, quer as que nos visitam. Faz valer a pena.” Por aquelas paredes e por aquele jardim já passaram cerca de duzentas pessoas, que continuam a marcar presença ou a manifestar o seu interesse pelo projecto.

Diana já teve que recusar algumas actividades, por não se enquadrarem no plano estipulado para a Marabô, mas a sua leveza de espírito e alegria, bem como o apoio de familiares e amigos são uma grande mais-valia. “Tudo se torna mais fácil”, mesmo sabendo que ainda tem de encontrar um maior “equilíbrio e estrutura” – algo para o qual apenas o tempo poderá ajudar, até porque motivação não lhe falta “acho que temos todos um propósito: o meu é trabalhar com pessoas.” Garante que tem vários momentos em que se sente feliz por ter aberto este espaço e que passam por “um sorriso, alguém que entra aqui pela primeira vez, uma aula cheia, uma formação a decorrer. Tudo isso me preenche a alma. Este lado da moeda, para mim, pesa muito mais. No dia em que não pesar…” Esta empreendedora tenta não pensar muito na parte negativa, mas não a ignora: “a minha principal dificuldade é que as pessoas saiam de casa.”

Confúcio, pensador e filósofo chinês, diz que se escolhermos um trabalho de que gostemos, nunca teremos que trabalhar nem um dia na nossa vida e tenho para mim que escreveu esta frase a pensar na Diana. “Esta é a minha segunda casa, quando não é a primeira. Acordo todos os dias contente por vir trabalhar. Sinto que ainda há muita coisa para fazer. Mas sinto-me feliz, porque me sinto realizada. Estou num espaço em que acredito, com pessoas em que acredito.”

As actividades da Marabô são tão variadas que o difícil é mesmo escolher.
- Meditação – “O objectivo é conectares-te com o teu interior. Costuma-se dizer que depois na inspiração e antes da expiração, devemos parar 5 segundos para nos reconectarmos."
- Yoga – “Uma poderosa ferramenta para o autoconhecimento, para o conhecimento do corpo, para a evolução da mente e finalmente para a junção da tríade mente-corpo-espírito.”
 - Dança oriental - "É muito giro, uma verdadeira diversão. Aumenta a auto-estima também, porque passamos uma hora e meia a dançar em frente ao espelho e, por mais que não queiramos, acabamos por olhar.”
- Expressão dramática para adultos – “Um trabalho muito físico, em que te ligas com o teu eu interior e com o teu eu físico. Não começamos logo a fazer teatro. Tem que haver primeiro a compreensão de quem eu sou, onde eu estou, qual é a minha posição.”
- Expressão dramática para crianças - “Em todas as aulas há uma história, uma personagem que elas vão interpretar. Depois constrói-se e monta-se o cenário.”
- Consultas de Naturopatia – Tendo por base a ideia de que o corpo se pode curar por si próprio, “a Medicina Natural é uma forma completamente natural de tratarmos qualquer problema físico ou psicológico, através de várias técnicas.”
- Passeios pela cidade - a ideia surgiu na sequência do livro “Porto de encontro de História, Arte e Religião – A Penaventosa”, em que Ernesto Vaz Ribeiro – autor e pai de Diana, apaixonado pelo Porto e pela História, começou a fazer caminhadas pela Invicta, com os amigos. Entretanto, surgiu uma parceria com o Pedro Jorge Pereira, ecologista, que faz caminhadas eco-sociais “para sensibilizar as pessoas para o estado da cidade.” “Queremos que as pessoas conheçam a sua própria cidade. A ideia para o futuro é estabelecer parcerias com hotéis e chamar os turistas para estas caminhadas.”
- Brevemente: pilates e serviço de baby sitting

Próximos eventos:
- 14 e 16-11-213: palestra e workshop "Vícios: quando aquilo de que gostamos se torna mais forte do que nós", Cristina Gomes
- 22-11-2013: Apresentação livro “Cancro com Humor”, Marine Antunes

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