quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mydream – uma marca cheia de personalidade




Quem o ouve a falar não imagina que do outro lado está “apenas” um rapaz no início da maior aventura da sua vida. Rodrigo Silva tem nas palavras os sonhos de criança, no olhar a ambição de adolescente e os resultados de gente grande. Criou a marca Mydream em 2011, dedicada à produção e personalização de vestuário e acessórios, e já tem três espaços comerciais abertos, empregando 16 funcionários.

Abandonou a licenciatura em Som e Imagem, na Universidade Católica, quando lhe faltava completar uma única cadeira. “Sair da faculdade foi o que fiz de melhor na minha formação”, afirma este autodidacta que aprendeu a desenvolver “uma capacidade extra de dar bons resultados aos desafios, pois acredito que sozinhos conseguimos uma aprendizagem mais forte e menos formatada.” Escusado será dizer que a família não reagiu bem. O estigma de abandonar os estudos, quando faltava tão pouco para concluir, sem nenhum plano alternativo, pode ser difícil de compreender. Mas para Rodrigo foi o momento de viragem na vida pessoal e o início de uma carreira que já não é só promissora, mas uma realidade bem-sucedida. Foi nessa altura que o grafiti, que já fazia parte da sua vida desde os 14 anos, ganhou mais importância, pois começou a trazer a Rodrigo algum retorno financeiro. Não se inspira em nada em particular, mas ao mesmo tempo procura o conhecimento em tudo o que o rodeia. Por isso, os desenhos saem às golfadas, como se Rodrigo não os conseguisse conter. Diz que este processo é tão “natural” que é por isso que não tem nenhum estilo próprio. Depois das paredes, começou a pintar também em sapatilhas, telemóveis e roupa – daí a criar a Mydream foi um instante. Ficou conhecido como “Rodrigo, o puto pinta sapatilhas.”



“Comecei do nada. Aliás ainda não tenho nada. Sou uma pessoa que luta, tenho espírito de entrega e tenho a felicidade de ter muita gente a ajudar-me. As pessoas gostam do projecto e querem-me apoiar.” Hoje, possui duas lojas em Matosinhos e no Dolce Vita Porto e um stand no Norteshopping. O aspecto visual dos espaços tem tanto impacto que só apetece entrar e ver tudo ao pormenor. O balcão de atendimento é um comboio, os expositores estão dentro de pequenas casas, as cruzetas penduradas em tubos de água. Uma ligação inquestionável ao tempo em que tudo começou: o grafiti e o background urbano. “O povo português é um pouco desatento em relação a conceitos de lojas, de arquitectura, de design, porque se preocupam mais com os medos. E a Mydream também pretende iluminar pessoas e a sua visualização das coisas, mostrando que também é possível ter coisas bonitas e dar-lhes valor”, defende.

O Rodrigo não fala de negócios, de vendas, de projecções, e acredita que é possível avançar com um projecto sem dinheiro – “é preciso é estar no terreno, falar com as pessoas, acreditar. As pessoas têm que sentir a tua paixão e, naturalmente, vais vencendo.” Por isso, este empreendedor prefere destacar a vertente espiritual que idealiza em todas as etapas da sua mais que atarefada vida. Não tem horários para comer, para dormir, para começar ou parar de trabalhar. Por ele passam todas as etapas do processo de produção das peças que vende. Deita-se e acorda feliz pelo que alcançou e por tudo o que o futuro lhe trará. Tenta rodear-se de uma equipa que compreenda e represente a filosofia do projecto: ““Mydream é fé, é paixão, é amor, é entrega. O meu sonho não é ser o mais rico, mas ser o mais rico espiritualmente e contagiar outras pessoas.” E é difícil fazer-se compreender? “Para mim é fácil passar esta mensagem, porque isto é muito natural em mim. Compreendo as pessoas, os seus medos e até mesmo o seu negativismo para comigo e, muitas vezes, injustamente. Mas, para mim, é tudo natural. É o meu objectivo, é a minha missão, é o meu sonho. Se calhar nos dias que correm não é assim tão fácil. Ou, se calhar, é, porque nos dias que correm as pessoas estão mais carentes.”

“O meu maior ídolo é o meu pai, por tudo o que já passou e pelo que tem hoje.” A título profissional, admira empresários que se destaquem pelas capacidades empreendedoras, mas também pela humildade e pela forma como contagiam os demais, como “Amancio Ortega. Ele diz uma frase que eu adoptei: se hoje eu tenho muito dinheiro é porque o meu objectivo nunca foi ganhar dinheiro.” Aos poucos, o Rodrigo também vai contagiando e não se deixa abater por nenhum obstáculo. Quando contrata um funcionário pergunta-lhe se está preparado para ser o melhor, pois quer rodear-se de pessoas conscientes da realidade, mas com a fasquia alta e que não desistam de lutar. Esta filosofia optimista e inspiradora fazem dele um empresário com visão e com coração, coisa invulgar nos dias de hoje.

Engane-se quem pensa que a Mydream é um sonho concretizado, porque esse “está sempre a mudar. Mas estou realizado, sempre com a porta da ambição aberta.” No futuro quer fazer evoluir a marca, aumentando a variedade de peças de vestuário e criando mais postos de trabalho e não tem dúvidas: “a Mydream vai ser uma das maiores referências mundiais e digo isto, não de forma arrogante, mas com a mentalidade de que tenho que trabalhar para isso, com humildade e, acima de tudo com a vontade de iluminar pessoas.”


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