E se alguém
lhe entregasse os artigos mais frescos, mais coloridos, de maior qualidade em
casa, sem que tivesse que enfrentar as confusões das superfícies comerciais? A
Mercearia à Porta faz isso e muito mais! Este serviço de mediação entre produtores
e consumidores potencia laços de amizade e espalha alegria por onde passa. A
“culpa” é dos fundadores do projecto, a Marta e o Tiago, casados e com duas
filhas, que decidiram fazer “algo diferente”.
São ambos psicólogos e paralelamente à actividade
clínica, Tiago Gama ministrava formações em Centros de Novas Oportunidades,
através das quais conheceu pequenos agricultores que se queixavam de não
conseguir escoar tudo o que produziam e, como tal, haver produtos que iam parar
ao lixo. Em conversa com a Marta Lopes Gama, surgiu a ideia: “e se criássemos
uma mercearia diferente, na área do virtual e fazemos uma prestação de
serviços: recolhemos os produtos e entregamos aos clientes em casa?” Em
seguida, abordou os formandos para participarem no projecto, de modo a não
terem que desperdiçar produtos e ainda fazer algum dinheiro extra.
Em Novembro de 2011 tiveram a primeira aventura, em
que apenas distribuíram castanhas. O resultado positivo fez com que em Maio do
ano seguinte avançassem com a distribuição de cerejas. Duas provas superadas
que deram o alento para começar “a sério”, em Setembro de 2012. Criaram o site,
a página do Facebook e começaram a divulgar aos poucos, primeiro junto dos
amigos, alargando, em seguida, o leque aos contactos profissionais que foram
rapidamente estabelecendo. Depararam-se com algumas dificuldades iniciais,
afirma Marta, e que “teve a ver com os produtores, para conseguirmos ter as
coisas certinhas e saber com o que podíamos contar e também a resistência em
encomendar online. Há gente que ainda precisa de ver, de cheirar, de tocar para
ganhar confiança.” Hoje, além das entregas à porta, também entregam
pequenos-almoços e almoços em empresas, estando também prevista, para breve, a
entrega de sanduiches e o aumento do leque de produtos disponíveis, como o açaí
e a granola.
A manga vinda do Brasil e os chás de uma empresária
vietnamina radicada em Portugal são a excepção à panóplia de artigos nacionais
que vendem e que passam por frutas, legumes, doces regionais, vinhos, entre
tantos outros. A lista é grande e o difícil é escolher. Para ajudar na
selecção, na newsletter semanal dão destaque a determinados produtos de época, a
artigos que sejam novidade e aos cabazes de dias festivos, como aconteceu
recentemente com o Dia dos Namorados. Garantem que provam todos os produtos que
disponibilizam aos clientes e que não arriscam “só porque é giro. Se nos
perguntarem, sabemos o que estamos a fornecer.” E as pessoas perguntam e
conversam com os dois empresários. Querem saber novidades sobre a Mercearia,
mas também sobre eles. Estabelece-se uma relação próxima e de confiança que não
seria possível manter com a realização de compras nos super e hipermercados que
existem quase rua sim rua não. As vantagens deste serviço residem ainda no
facto de praticarem, na maioria dos artigos, preços mais baixos e de optarem
pelo produto diferenciado e não massificado.
As entregas são feitas à terça e quinta-feira,
contudo facilitam se algum cliente precisar de algo noutro horário: “temos a
noção de que prestamos um serviço e, como tal, tentamos adaptar-nos o máximo
possível à necessidade dos clientes.” Além disso, não sendo possível fornecer
determinado produto, ou pelo menos fazê-lo em tempo útil, alertam sempre os
consumidores. Em compras inferiores a 15€ é, habitualmente, cobrada uma taxa de
entrega entre 2,5€ e 5€. Têm fornecedores um pouco por todo o país, o que já
lhes valeu alguns imprevistos, como conta Tiago: “já nos aconteceu a camioneta
que transportava as alheiras, que vêm de Mirandela, ficar presa na neve ou
encomendas que desaparecem pelo caminho, porque cheira a alheira dentro da
camioneta.”
A reacção dos clientes é sempre positiva e
conseguem sempre angariar fidelizações praticamente em cada entrega que fazem. “Recordo-me
de uma cliente em particular, em que deixávamos a encomenda com a empregada e
ela deixava sempre tudo no caixote, porque a dona da casa ficava apaixonada
sempre que via as nossas caixas.” A responsável por essa parte é a Marta: “a
arquitecta das nossas caixas. Tem um toque feminino e isso é apelativo. Já fui
abordado na rua” – confessa Tiago. E são estes gestos que compensam tudo o
resto, como o facto de apenas terem conseguido gozar 5 dias de férias em 2013.
Gostam do que fazem e isso sente-se nas palavras e na atitude.
Sem comentários:
Enviar um comentário