quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Directamente do produtor para a sua porta




E se alguém lhe entregasse os artigos mais frescos, mais coloridos, de maior qualidade em casa, sem que tivesse que enfrentar as confusões das superfícies comerciais? A Mercearia à Porta faz isso e muito mais! Este serviço de mediação entre produtores e consumidores potencia laços de amizade e espalha alegria por onde passa. A “culpa” é dos fundadores do projecto, a Marta e o Tiago, casados e com duas filhas, que decidiram fazer “algo diferente”.

São ambos psicólogos e paralelamente à actividade clínica, Tiago Gama ministrava formações em Centros de Novas Oportunidades, através das quais conheceu pequenos agricultores que se queixavam de não conseguir escoar tudo o que produziam e, como tal, haver produtos que iam parar ao lixo. Em conversa com a Marta Lopes Gama, surgiu a ideia: “e se criássemos uma mercearia diferente, na área do virtual e fazemos uma prestação de serviços: recolhemos os produtos e entregamos aos clientes em casa?” Em seguida, abordou os formandos para participarem no projecto, de modo a não terem que desperdiçar produtos e ainda fazer algum dinheiro extra.


Em Novembro de 2011 tiveram a primeira aventura, em que apenas distribuíram castanhas. O resultado positivo fez com que em Maio do ano seguinte avançassem com a distribuição de cerejas. Duas provas superadas que deram o alento para começar “a sério”, em Setembro de 2012. Criaram o site, a página do Facebook e começaram a divulgar aos poucos, primeiro junto dos amigos, alargando, em seguida, o leque aos contactos profissionais que foram rapidamente estabelecendo. Depararam-se com algumas dificuldades iniciais, afirma Marta, e que “teve a ver com os produtores, para conseguirmos ter as coisas certinhas e saber com o que podíamos contar e também a resistência em encomendar online. Há gente que ainda precisa de ver, de cheirar, de tocar para ganhar confiança.” Hoje, além das entregas à porta, também entregam pequenos-almoços e almoços em empresas, estando também prevista, para breve, a entrega de sanduiches e o aumento do leque de produtos disponíveis, como o açaí e a granola.

A manga vinda do Brasil e os chás de uma empresária vietnamina radicada em Portugal são a excepção à panóplia de artigos nacionais que vendem e que passam por frutas, legumes, doces regionais, vinhos, entre tantos outros. A lista é grande e o difícil é escolher. Para ajudar na selecção, na newsletter semanal dão destaque a determinados produtos de época, a artigos que sejam novidade e aos cabazes de dias festivos, como aconteceu recentemente com o Dia dos Namorados. Garantem que provam todos os produtos que disponibilizam aos clientes e que não arriscam “só porque é giro. Se nos perguntarem, sabemos o que estamos a fornecer.” E as pessoas perguntam e conversam com os dois empresários. Querem saber novidades sobre a Mercearia, mas também sobre eles. Estabelece-se uma relação próxima e de confiança que não seria possível manter com a realização de compras nos super e hipermercados que existem quase rua sim rua não. As vantagens deste serviço residem ainda no facto de praticarem, na maioria dos artigos, preços mais baixos e de optarem pelo produto diferenciado e não massificado.


As entregas são feitas à terça e quinta-feira, contudo facilitam se algum cliente precisar de algo noutro horário: “temos a noção de que prestamos um serviço e, como tal, tentamos adaptar-nos o máximo possível à necessidade dos clientes.” Além disso, não sendo possível fornecer determinado produto, ou pelo menos fazê-lo em tempo útil, alertam sempre os consumidores. Em compras inferiores a 15€ é, habitualmente, cobrada uma taxa de entrega entre 2,5€ e 5€. Têm fornecedores um pouco por todo o país, o que já lhes valeu alguns imprevistos, como conta Tiago: “já nos aconteceu a camioneta que transportava as alheiras, que vêm de Mirandela, ficar presa na neve ou encomendas que desaparecem pelo caminho, porque cheira a alheira dentro da camioneta.”

A reacção dos clientes é sempre positiva e conseguem sempre angariar fidelizações praticamente em cada entrega que fazem. “Recordo-me de uma cliente em particular, em que deixávamos a encomenda com a empregada e ela deixava sempre tudo no caixote, porque a dona da casa ficava apaixonada sempre que via as nossas caixas.” A responsável por essa parte é a Marta: “a arquitecta das nossas caixas. Tem um toque feminino e isso é apelativo. Já fui abordado na rua” – confessa Tiago. E são estes gestos que compensam tudo o resto, como o facto de apenas terem conseguido gozar 5 dias de férias em 2013. Gostam do que fazem e isso sente-se nas palavras e na atitude.


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